segunda-feira, 16 de abril de 2012

A Prática da Natação para Crianças: relato de experiência no Programa NUPEAA


             Ao falar em natação para crianças, muitas delas, logo relacionam essa prática à diversão que tiveram em seus momentos de lazer em igarapés, rios, lagos e até mesmo em piscinas. Na nossa região Amazônica os três primeiros ambientes aquáticos citados, são muito abundantes e utilizados pelas crianças para a prática de natação, de maneira não sistematizada, mas simplesmente como forma de diversão no tempo livre, no qual não há uma preocupação em desenvolvimento das técnicas dos nados.
            Essa relação com lazer é perceptível, pois muitas crianças atendidas pelo programa[1], ao iniciarem as aulas, referem-se ao ambiente de ensino como um espaço de “tomar banho” que é o mesmo modo como estas se referem aos momentos de lazer em ambientes aquáticos. E geralmente, são nesses espaços que muitas crianças aprendem a nadar, afinal, segundo Junior et. al. (2002, p.8) “nadar significa a ação participativa na água”.
            Contudo, nos primeiros momentos da iniciação a natação se faz necessário explicar a diferença entre nadar e natação. O nadar está relacionado ao indivíduo que consegue deslocar-se de maneira equilibrada no meio aquático e a natação vai mais além, relacionando-se com o ensino-aprendizado de técnicas dos nados.
        Durante a iniciação da natação há algo que os professores tem que ter muita cautela, sendo a preocupação exacerbada em ensinar técnicas (JUNIOR, 2002). Pois, dependendo da prática pedagógica que for utilizada, a natação pode tornar-se algo maçante e gerar uma rotina não muito prazerosa, principalmente para as crianças e isso faz com que elas percam o foco da aula e o interesse pela atividade.
            Para tal é necessário a inserção da recreação aquática para as turmas de iniciação, principalmente nos momentos de adaptação, pois essa prática recreativa tem como função promover por meio de brincadeiras e jogos a confiança no ambiente aquático para aquelas crianças que estão tendo os primeiros contatos com a prática da natação, além de promover a integração da turma e trazer a sensação de prazer àquelas que já sabem nadar.
            Sobre recreação Corrêa e Massaud (2007, p.155) enfatizam que:
Fator fundamental no desenvolvimento das aptidões físicas e mentais da criança, os jogos infantis também contribuem para apurar o mundo exterior. Nas brincadeiras, ao estabelecer vínculos sociais com seus semelhantes, a criança descobre sua personalidade, aprende a viver em sociedade e se prepara para as funções que assumirá na idade adulta.

             Quanto aos benefícios da natação para crianças destacamos que esta prática possibilita um melhor desenvolvimento motor através dos movimentos propostos; colabora na formação da personalidade devido à aula ser um espaço social. Nessa perspectiva, no NUPEAA sempre buscamos desenvolver atividades que possam proporcionar esses benefícios, através de brincadeiras e jogos que geram um processo pedagógico lúdico e espontâneo durante a natação.
            Das brincadeiras já desenvolvidas, foram adotadas algumas que eles já conheciam e adaptamos para o meio aquático como o “pega-pega”, no qual podemos incluir algumas variações de tempo, personagens (o pegador e aqueles que devem escapar dele), o mergulho. Outra brincadeira é a “caça ao tesouro”, na qual dividimos a turma em grupos e esses teriam de pegar os materiais –tesouros- espalhados pela piscina, também podendo existir variações de tempo e quantidade de objeto pego por vez, por cada pessoa. Além dessas, há outras brincadeiras que foram utilizadas para tornar a aprendizagem mais alegre e satisfatória, motivando as crianças a sempre pedirem uma próxima vez da brincadeira.
            Dentre tantas outras características das aulas de natação, enquanto vivência como extensionistas do programa na atuação com a prática pedagógica, percebemos o quanto uma criança pode evoluir na sua relação com o meio aquático quando é propiciada uma oportunidade para que ela possa experimentar e vivenciar seu corpo na relação com este meio. E perceber essa evolução da criança em curto período de tempo, como ocorre muitas vezes na natação, é muito gratificante e prazeroso tanto para o professor quanto para o aluno.
            Assim, compreendemos que os jogos e brincadeiras são facilitadores no processo ensino-aprendizagem da natação, principalmente pelo fato das crianças se identificarem com esse processo, que por vezes, pode ser comparado às vivências de lazer dos rios e igarapés da região, mas que nesse momento tem sua intencionalidade pedagógica.

Referências
JUNIOR, O. A; PEREIRA, D. M; WASSAL, R. C. Natação Animal: aprendendo a nadar com os animais. Barueri: Manole, 2002.
CORRÊA, C. R. F; MASSAUD, M. G. Natação: da iniciação ao treinamento. Rio de Janeiro: Sprint, 2007.


[1] NUPEAA – Núcleo Pedagógico de Atividades Aquáticas que atende a comunidade do Campus de Castanhal/PA

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